Tuesday, July 19, 2011

Anos '50/'60/'70/'80...

Agarramo-nos às vivências que nos trazem cores, cheiros, sons, emoções dos nossos caminhos percorridos; estranho é ter-se consciência de que os vários estágios por que se pautam as nossas experiências, que vão consolidando, quer as nossas projecções, quer a nossa personalidade, perdem nitidez, difusam-se com o rolar do tempo - hoje são os outros que nos fazem, na maioria das vezes, de "ponto" dos nossos registos; antes, o nosso individualismo era suficiente para se impor, para inscrever cada uma das nossas actividades, selectivas ou não.
Mimamos, em gestos e olhares.
Revimo-nos no(s) outro(s) - sentimo-nos sombras, ou corpos sem densidade, sem forma: há reflecções, difusões, latências que perpassam pelos nossos olhos; imagens fugazes, que esquecemos até voltarmos a ser diapasões recíprocos das nossas fruições sem consistência.
O ser já é somente estar; o permanecer foi pintado nos registos dos nossos diários de outros tempos.
Dizia Pablo Picasso que "leva tempo a tornarmo-nos jovens".
Matusalém tem a complacência, a quietude, a singeleza da expectativa, do sonho plausível, da concretização, da realização das nossas mais permanentes querenças.
E, afinal, somos corpos em mutação, como antes, sempre, mas de outro modo. Vivemos pela essência; o antes era a substância, avolumada nas posturas, nas atitudes, nos gestos.
Mas somos uma identidade semelhante - de Picasso recolhe-se o que ficou por fazer, quando as nossas capacidades não puderam exprimir-se.
Anos '50, '60, '70, '80...