Tuesday, January 31, 2012

História Trágica de Uma Princesa

Num conto de fadas
Um belo conto, doce e mavioso...
Uma linda princesa,
Boa, jovem e com muita nobreza,
Andava encoberta na sua pobreza
De guardadora de patos
Com as suas roupas em farrapos
E quis um dia Deus premiá-la
Pois também mostrá-la quis
A um garboso sapateiro-aprendiz.
Cansada, preparava-se para se deitar
E eis que, ao pentear-se,
Sua maravilhosa voz se quis soltar
E assim encher o ar
Com um meigo e cristalino canto.
Nesse intérim, o arrogante aprendiz,
Passando, ouviu-a e quis
Saber a quem pertencia tão linda voz:
E, pé ante pé, da porta se aproximou
E maravilhado ficou,
Pois não esperava ver o que viu.
E lançando um assobio,
Foi assustar a pobre pequena,
Que, sem o saber, o deixou preso de encantos
Na grácil e real figura.
Medrosa e inquieta, a porta abriu.
E o que se viu
Foi algo de espantar!
O impudente sapateiro
De joelhos se postrou
E ainda mais assustou
A pobre donzela
Que, sem saber que era bela,
Longe dos homens vivia
E assim desconhecia
Esse "bicho malvado e maldizente".
Criava os seus patitos
E todos os bocaditos
Para eles e ela chegavam
E longe do mundo estavam
Pois só conheciam,
(E isso os satisfazia),
Toda a sua diáfana felicidade.
Passaram-se os dias;
A princesa ansiosa vivia
Pois também presa de encantos ficara
Desse procaz e insolente,
Que tão singelamente arrebatara
Dela toda a sua alegria.
E, no seu exíguo quarto,
Vivia em sonhos e utopias,
Anelos transcendentes e arcanos -
- Pois, sem querer, queria
Ver esse importuno senhor
Que, açambarcador,
Lhe tirava toda a euforia.
E a princesa assim morreu
De tristeza e torturada
Por esse amor que nasceu
Numa noite inesperada.

27/06/1968, (no meu 5º ano do Liceu Almirante Gago Coutinho, Nampula)
-nas transcrições dos meus poem(as)/(etos) de outrora, não efectuei correcções; estão quase tão virgens como
 o estão nos manuscritos, por aqui amontoados; poderiam ter sido efectuadas alterações, de molde a fabricar
 a rima entre alguns versos; contudo, está lá a possibilidade de o fazer - porque deixei assim, já não recordo...  

Sunday, January 29, 2012

A minha produção (amadora) - 2

ESPAÇOS, (cont.)
Estas produções já têm algum tempo - esquecia-me delas...
São liminares, como é fácil de ver.
Levam muito tempo a estar convenientemente preparadas para serem expostas; tenho uma inata falta de paciência para esperar pelo que quer que seja.
 Nas minhas deambulações, vou "onde me leva o coração", (parafraseando Susanna Tamaro) - gosto de me perder, achando, pelos campos desta Zona Oeste - uma iniciação à aguarela: Casal Teodora, Vimeiro


Um dos meus locais preferidos, repleto de paz, verde, água de nascente e paisagens magníficas; a Monchique da Zona Oeste e em miniatura - Fonte Lima, Vimeiro. Um recanto, em aguarela.
(Ainda ando a ensaiar... Tenho muito a aprender!)

FLORES, (cont.)
Uma perdição para os meus sentidos.
Em miúda, adorava comer as pétalas de algumas flores - sabor bom, agradável, fresco, e perfumado. Deveria ter uma costela de cabra montesa?!...
Zora adora cheirá-las, e zanga-se com os funcionários da Junta de Freguesia, quando os vê levarem-nas secas. Um doce a minha "chiquita maravilhas"?!...
Algumas das muitas flores de Fonte Lima: pequeninas, em "gouache".

Friday, January 27, 2012

Ontem choveu

Ontem choveu, tanto, tanto,
Que se encheram de mágoa
Meus olhos com o pranto
Que a vida lavou com água

Memórias de um tempo
De dor sentida por dentro
Cresparam-se os meus dedos
De tanto desvendar meus medos

Como toda a água de ontem
Corria assim o pensamento
Com tudo de mau que contém
Ficou só o sentimento

De já não querer desejar
Mais nada qu'aquilo que vem
De manso fazer vibrar
Tudo de bom qu'a vida tem

Assim como a chuva d'ontem
Muitas chuvas mais virão
P'ra me deixar só com o bem
Que fará ao meu coração

Podem bater nas vidraças
As gotas que o vento traz
Já não me importam desgraças
Já estou de novo em paz

27/01/2012, (22h:02')

Short Story - A Tale About the Mistery of Blood Ties

Long time ago an old man, coming into an ancient tavern, in the outskirts of London, noticed, completely amazed, that the taverner was staring to a window.
It was very dark, and the depth of the night fell heavily upon mother nature. Something strange filled the air with a vague quietness; no moving noise, no people walking or chattering around...
But the man was still as a statue, deaf and dumb, like a crazy image of discontent and pain.
The old man took a sit, waiting.
Slowly, the taverner turned round, walking to the balcony. He opened a drawer, took a knife and a plate, where he put some smoked salmons and some loaves.
He sat down, picked up a glass from the shelf behind him, and a bottle of wine.
- Don´t forget I'm waiting, mister?!...
The taverner gave no answer.
The old man waited, looking at him, and, after a while, he got up and walking to the man, he said:
- Hey, mister, will you give me one second of your time?
The taverner, stirring as if he was awaking  from a deep sleep, answered:
- Sorry, sir, I couldn´t hear you. It is a bad night for all of us, here in the village. Many years ago our sons had started an expedition into the sea. It was a calm evening. However all the conditions, the weather changed and all of them were shipwrecked - no one returned, and we all mourned our beloved children. In every house, this night, we can feel a deep discouragement, and an outstanding grief from our deads. Nothing gave us any answer, no one appeared to tell us what, how or where the events took place. All we know it's that in this very night, some years ago, something unknown broke our lifetime, as if earth had stopped its turning.

23/05/1988, (durante uma aula de teste de um nono ano, ESRamada)

Thursday, January 26, 2012

Poema a duas "manas"

A labrega sonha e ri
Na sua ignorante imaginação
Que é dádiva do céu
A insígnia de podridão
E a vida que o chulo lhe deu

A famigerada promíscua
Arroga-se de doutas letras
A geba histérica amua
E dá tudo às pedras
Se lhe dizem: "não vou por ti!"

26/01/2012, (23h:53')

....

Quem foi que disse que o amor é sofrimento?
Estava de pernas para o ar, decerto! Ou o filme estava ao contrário?!...

Quem foi que disse que o amor é azul?
Não sabia, por certo, que a luz reflecte "nuances" diversas, todas elas tão cheias de música...

Quem foi que disse que o amor é sonho?
Será que é sonho a flor que adeja ao ar dos campos?

Quem foi que disse que o amor é intriga?
Não será ele feito de espaços abertos, de danças de roda, de mãos que se dão?

Quem foi que disse que o amor é posse?
Se todo ele é dádiva, se todo ele é dado aos outros?

Quem foi que disse que o amor é egoísmo?
Um desencantado ciumento que se fez passar por um náufrago, ou por um Cupido sem aljava?!...

Quem foi que disse que o amor é amargo?
E então a ternura, a doçura de um olhar?

Quem foi que disse que é melhor estar só?
Algum antipático sovina que não aprendeu a aceitar um tímido sol de Inverno!

Quem foi que disse que tudo isto é poesia?
Que será, afinal, Deus?!...

Quem foi que disse que o amor é imoral?
Para que criou Deus o homem e a mulher?

Quem foi que disse que amar assim é pecado?
Algum sacrílego que teima em adormecer nas asas do vento que passa.

Quem foi que disse que o amor é relação antitética?
Alguém que anda perdido nas sendas de algum Cupido manhoso?!...

Quem foi que disse que há quem não saiba amar?
Já lhe bateram à porta de mansinho?


29/04/1990
(Brincadeira a propósito da moda "O Amor é...", "A amizade é...", etc)

Wednesday, January 25, 2012

O TURISMO MATA O TURISMO

....................
Hoje em dia qualquer país  é incomensuralmente um explorador, se atentarmos à procura desenfreada de maquias fabulosas descurando factos primordiais à atracção turística, onde se deveria apoiar o encanto beatificamente natural de certas regiões relegadas hoje a uma beleza pré-fabricada simulada nas super-estruturas que o progresso e a técnica incrementaram.
Baseando-nos em evidências, apontaremos o caso de Tróia, maravilha agreste, selvaticamente desarmante, que foi transmutada em beleza comodamente arquitectónica onde pretendem impôr o mundo cosmopolita, a beleza apagada das luzes do desenvolvimento.
Outro caso idêntico será o das nossas praias do sul, onde toda a sua aridez rochosa primitiva, (nalgumas...), foi substituída por imóveis impantes de poluição, desafiando a pureza gritante, o ar reconfortante de uma vida sã, aberta e livre a toda a alma humana - o progresso, em busca de campos mais amplos, descura e vota à estreiteza toda a Natureza que nos faz sentir mais homens.
Para algumas regiões, atracção turística é o símbolo de simulação; isto é: falsifica-se o artesanato que é exposto e vendido ao público como autenticidade histórica.
Triste é reconhecer-se que o turismo, muito embora devesse incentivar o fomento, o zelo da manutenção de toda uma epopeia, das características que vinculam um povo, provoca, pelo contrário, tendências acentuadamente propínquas à imitação, à assimilação estrangeira, facultando um contra-turismo.

!972, Lar da Praça José Fontana, ( a pedido de uma residente para concurso e progressão na carreira numa empresa seguradora - considerado o melhor trabalho apresentado)
- o título, em epígrafe, era comum para todos os concorrentes
- havia condicionamento de nº de palavras e/ou linhas a utilizar

Monday, January 23, 2012

Manifesto-Resposta a Fernando Gil # AEMO, de 22de Junho de 2004

Boa noite.
De facto, é com imensa pena que ainda vejo a ignorância a imperar - se partirmos do princípio que todos os emigrados têm direito aos seus haveres, porque não quem viveu, labutou e sofreu pelos países onde se integrou até que Deus o permitiu, ou as condições adversas, (em que a própria vida se via ameaçada, quer pelas guerrilhas, quer pelas perseguições absolutamente inacreditáveis), obrigaram a grande maioria dos portugueses a sair com a roupa do corpo? Salvaram-se os que, fazendo jus à imensa capacidade de trabalho e dedicação, foram convidados a ficar a contratos a prazo, com a intenção de poderem trazer mais alguns haveres, (porque assim estava consignado nos contratos...) Não obstante, é sabido que se pode dar à "justiça" e/ou "justeza", as voltas que o poder quiser - sabem-no alguns, (muito poucos), que se viram em palpos de aranha para verem satisfeitas as cláusulas dos contratos...
Depois, e por incrível que pareça, (e, quem não sabe, poderá ficar ciente, que) a própria embaixada de Portugal, durante o período de transição, nada fez de concreto em prol dos portugueses que lá se encontravam; muito antes pelo contrário: nem apoio, nem colaboração, nem quaisquer atitudes ou actos que valorizassem o trabalho dos que ainda lá se mantinham, contra tudo e contra todos - entregou-os aos bichos, fazendo absoluto caso omisso de todas as petições que entravam na embaixada - quem (não) se recorda do Dr Martins da Cruz?
Depois, "árvore das patacas" terá sido após a independência, com os cooperantes - grandes, e rápidos, "pés de meia" se fizeram, e continuam a fazer?!...
O IARN foi uma grande ajuda para alguns, uma "boda aos pobres" para outros, uma "dádiva dos céus" para outros tantos; mas, como todas as ajudas falaciosas, só serviu minorias - milhares de pessoas, nem às magras ajudas à chegada a Lisboa, no aeroporto, tiveram direito. Houve quem arranjasse meios de nunca reverterem para os cofres do estado os empréstimos cedidos? "Ladrão que rouba a ladrão..."
Meus amigos, é vergonhoso que o epíteto, que continua a denegrir, mais que quem de lá veio, os que por lá ficaram "à espera de Godot", que viram cerrarem-se os olhos às realidades de África,  taparem-se os ouvidos a todas as solicitações que de lá vinham e nos deixaram à nossa sorte, (até ao fim dos tempos de mel e fel). Não somos RETORNADOS - alguns nasceram lá; somos filhos de emigrados, como quaisquer outros, em França, Inglaterra, Alemanha, Macau, Canadá, etc.
Tem que haver uma medida e um peso, inalterável, seja lá qual fôr a região onde a mão-de-obra portuguesa se determina pela sua entrega, pelo seu empenho e pelos laços de sangue que cria.
Como mulher, como moçambicana, e, sobretudo, como patriota e filha de quem amou, até ao fim dos seus dias, o país onde os filhos nasceram, desgosta-me deparar com tanta "cegueira", passados que são cerca de trinta anos.

23/Junho/2004, (18h:42':32'')   

Saturday, January 21, 2012

Um conto por mês, (excertos)

Atestado de Residência
Cheia de ares de bom-tom, sempre de lulu à rreata, e uma gata de cauda pavoneante cirandando pelas redondezas "em busca de ratos", diz.
Os ratos são os restos que alguns vão deixando rente aos caixotes do lixo - comem de meias a gata, mais vadia, e o cão, já atacado por outro quase até à morte.
Contudo, vai dizendo mal do burgo, que se vai embora, que saiu de Stº Antão do Tojal por haver muitos negros - é uma verdade: eles agregam-se onde se sentem integrados, lá como em muitos outros locais deste país. Não acontece só com eles: o mesmo se passa com os ciganos, os imigrantes de Leste, ...
O filho aconselhou-a a aguardar pelo Verão - e que Verão?!...
Vieram as eleições, que deram para tudo: ele eram bandeiras do PS penduradas no estendal da roupa, ele era um corropio atrás das caravanas, até que estacionou, (bem mal e à tordesca), esgalhada numa esquina da Marmeleira - e foram noites longas a desfiar considerandos sobre os resultados, até que decidiu, (ou decidiram por ela), que deveria voltar à base.
Deixou de rir como costumava, de tudo e de todos, passou a concentrar-se mais em jogadas rocambolescas, mudou as cortinas para esteiras corredias para espreitar os passantes....
                           .../...      .../...      .../...      .../...
Que outros resultados das eleições virão por aí? Parece-me que alguém anda a tirar o cabaço à odalisca, direita que nem um fuso, esquelética, mas com ares de dona dos prados e dos passeios, que se enxameiam dos dejectos do lulu.
Tirou o atestado de residência - já não maldiz o lugarejo, e até se dá ares de popular.
O que podem umas eleições?!...
                          .../...      .../...      .../...      .../...
Mas valeu a pena: Dª Fusa tirou o atestado de residência!


Inserido nos CONTOS EM NOITES DE LUA CHEIA, "O VAle das Sombras"

Alguma da minha produção (amadora) - 1

FLORES:

Todos em acrílico.
 Jarros - de côr pouco usual; há-os de várias espécies; nesta categoria encontram-se variedades absolutamente incríveis.
 Tulipas - há-as de muitas cores. Optei por esta, para a minha Galeria de trazer por casa.
 Miosótis - miminhos de ternura e delicadeza; a fragilidade feita sinfonia de côr.Também de cores mais diversas.
Jasmim-Estrela - há-os de tantas côres e das mais variadas espécies?! Na minha terra, adorava os Jasmins-Manga da mangueira do meu quintal. O seu odor intenso, inebria, entontece - mas são bonitos e mimosos.



Há outras produções a serem ultimadas.
Há quadros espalhados pelas várias casa da família - já não me pertencem. Os que aqui figurarem são do meu património.

Alguma da minha produção (amadora)

ESPAÇOS:

 Moinhos são uma paixão - pena que não lhes dêem o devido valor; reconstruídos e/ou recuperados proporcionam locais de infinitos prazeres múltiplos, desde que a sua função-base seja preservada.
Acrílico - mais barato e seca mais depressa.
 Faróis outra paixão - o encanto do regresso ao aconchego. Acrílico, também.
 Um quarto, uma janela aberta à vida - Calvário, Algarve. Acrílico.
O Calhau, Mexilhoeira da Carregação, Algarve - um dos refúgios mais procurados, em tempo de férias. Acrílico.
Um pôr-do-sol à beira duma praia qualquer. Óleo. Num dia de febre alta, dores terríveis com o recesso de Zona que me apanhou todos os quatro nervos do lado esquerdo da cabeça, e de que ainda não estou completamente curada. Esquecer-me de mim, quando me sinto mal, é o mais importante, "no matter what"...  

Monday, January 16, 2012

Youtube.com Videa - Ivan Rebroff - Canto dos Barqueiros do Rio Volga Videa

Youtube.com Videa - Ivan Rebroff - Canto dos Barqueiros do Rio Volga Videa

A música que me surge, inexplicavelmente, em muitas situações de desassossego.
Depois, Ivan Rebroff foi, no meu local de refúgio, em Moçambique, na garagem, e dentro do carro do meu pai, a "subida aos céus"! Garota, ainda, (com onze ou doze anos), sabe-se lá porque me sentia retemperada?!... Às vezes a sua figura fazia-me recordar o Gigante Adamastor, mas, sem o "fétiche" do medo e consequente masoquismo, a sua voz, cheia, acalentava-me e envolvia-me de paz e harmonia.
Era o meu segredo partilhado em casa - os meus pais respeitaram sempre esta minha fuga para a reconquista de mim mesma.

17/01/2012, (05h:25')
Projecções

Dá-lhe o que me roubaste
Deixa-a sonhar, ser feliz
Porque tudo o que me tiraste
Foi tudo o que sempre quis

Não posso nem imaginar
Que voltes cá outra vez
Vai, fode-a, vai-te catar
E deixa-me em paz de vez

16/01/2012, (12h:12')
Nem Fénix, nem poema

Tatuei-te, e não tem jeito
Tentares esquecer-te de mim
Adormeceste no meu peito
Como se fosse sempre assim

A vida já não se demora
Corre, célere, hora a hora
Paraste a vê-la passar
Sempre à espera de acordar

Dorme agora, lerdo e quedo,
Vai onde nem tu sabes onde
Mas esconde, muito em segredo,

O amor que já não vem.
Foi-se nos dias desse ontem
Não renascerá já no meu peito

16/01/2012, (12h:04')



Saturday, January 7, 2012

Mudança de ano

Respiro no ar uma sensação de espaços por preencher - falências de plenitude pairam à minha volta. Nem sei bem explicitar o quê, de concreto.
Mas, nestas épocas do ano, de todos os anos, subsiste um/(a) permanente histeri(smo)/(a); passagem de ano é isso mesmo: ilusão, crença falaz, fogo fátuo. Nada de consistente para sentir, nada de concreto para agarrar, nada de pleno para guardar. Vazio, somente.
Amanhã, desnovelar-se-á um novo ano.
Tantas intenções se formularão.
Tantas esperanças nascerão.
O bater das horas soará igual ao de todos os outros dias passados.
A luta continuará:
- Mais agruras para enfrentar.
- Mais trilhos por desbravar.
- Mais sonhos por realizar.
- Mais desânimos para esquecer.
- Mais recordações para guardar.
Amanhã será o início de um ano de muitos dias, (366), para acordar.
Amanhã adormeceremos nos frenesins que a noite entonteceu.
Amanhã já será outro dia, igual ao de todos os outros, já antigos.
Amanhã, o absurdo, que é a vida, gritará mais alto.
.............
E vêm aí filhoses para marcar o compasso da quadra...




(Texto composto a 31.12.2011, 18h:59m, antes de sair de casa, no Calvário, para festejar a Passagem do Ano, na Praia da Rocha.)

Thursday, January 5, 2012

"Há duas maneiras de nos refugiarmos das misérias da vida: música e gatos!" - Albert Schweitzer


Deparei-me hoje com este pensamento de um dos homens que mais admirei na minha adolescência. Li, sôfrega, a sua biografia, e procurei cimentar mais, sempre mais, em torno do denodo deste médico-missionário.
Quis ser freira, quis ser enfermeira-paraquedista, piloto, sei lá?!... Com as experiências que recolhia nos contactos que me eram proporcionados, quer através da Legião de Maria, quer nas longas conversas e leituras, que D. Manuel Vieira Pinto, (o ex-bispo de Nampula), me facultou, aprendi a amar, mais e melhor, o "continente negro", e a terra que me viu nascer.   
Encetei uma rápida e doce viagem ao universo das minhas recordações - costumo dizer, que foram os únicos anos em que conheci a felicidade; depois... foram andanças "de Herodes para Pilatos". Por mais que tente esquecer, ou deixar fluir as sensações, tal como outrora, não dá: bloqueei, de tal sorte, que nem consigo ter pena dos outros. 
Dizia, há bem pouco tempo, uma pessoa amiga, "que tem pena é dos animais - das pessoas, não tem pena nenhuma!"
Deu-me que pensar - mesmo sofrida, ainda acho que poderá valer a pena debruçarmo-nos sobre as mazelas que nos são visíveis. 
Desde sempre, (e que me lembre), os gatos têm-me servido de lenitivo para as minhas amarguras: pressentem angústias, mágoas, momentos menos bons, ou mesmo desagradáveis. São firmes, ternos, atentos, ainda que estoicamente independentes.
A música foi sempre a minha "droga", a panaceia para todos as minhas fragilidades. Dançada, cantada, ou ouvida, tem o sortilégio e o condão de me dispôr de cargas-extra para seguir em frente, ou partir para outra etapa.
Incríveis são estes despertares! 
Não me recordava de ter "anotado" este pensamento, (como o fazia, quando era mais nova, e como continuei a fazê-lo vida fora, desistindo de coleccionar "tiradas filosóficas" fará um par de anos).
É sempre assim: poderei ter outros pendores, mas permaneço fiel a estas duas paixões!