Monday, April 23, 2012

Homenagear Zeca Afonso...

... Pois?!...
Dizem, que dizem, e fazem, que fazem...
"Tanta ignorância junta!", como ele diria...
Conhecê-lo, era amá-lo, pelo ser lindo que era, (por dentro); quiseram-no um mito: mataram-no!

Um ser humano, dos maiores que conheci! Convivi de perto, como amigo, como  letrado, como colega de  multipartidas: amou a vida, desafiou fronteiras, foi sempre um  homem carente da incompreensão dos  homens -  morreu sem que soubessem que sofria de solidão enorme, desmesurada, por querer ser um mais entre os outros...
Benditos momentos que partilhei com ele, antes do 25 de Abril, (nos anfiteatros da Faculdades de Letras), durante, (as permanências frequentes na Universidade, como colega), depois, como parceiro de cafés amargos, (que adoçava esperando a morte em Santa Marta)!
Um homem de mão-cheia, olhar sereno, uma ternura escondida, e uma eterna dádiva à vida...
Admirei-o sempre, até quando, já cansada de ouvir "Os vampiros", (cantados vezes sem conta por aqueles anfiteatros...), abandonava a Faculdade e descia a Alameda da Cidade Universitária, enquanto a polícia, de mangueiras multicores em riste, fazia incursões, e rusgas...
Para mim , Abril está despido - morreram as flores que um dia amei, definharam as almas que quis como ninguém, emudeceu a música que toquei nas escadarias daquela Faculdade que amei, como se se idolatram sonhos por conquistar.
Se calhar, por isso mesmo é "Abril, águas mil!"

23/04/212, (16h:56')

Saturday, April 7, 2012

Antítese existencial

Uma música que soa nos escaparates do "video-clip" e nos envolve de sonhos, de ilusórias fugas ao real, que nos focaliza nos espaços em que nos enquadramos.
Um nariz esborrachado na vitrine da vida; os olhos esbugalhados do espanto-certeza do encontro das minhas querenças.
Estou sempre no umbral de acesso ao meu envolvimento: sinto que nunca existe degrau, passagem, pa(ss)/(ç)o, ponte para transpôr o que está de "pose" perante os meus olhos; tão perto que não sei da minha mão para agarrar essa realidade, que é minha, que surge sempre como um aviso dos deuses.
O medo da assumpção?
É, sim, uma ignara sensação de estar sonhando de olhos abertos, como se o meu infra-ego ali estivesse gozando as minhas emoções póstumas ao confronto - e não sei de forças, de agressões à vida para agarrar todo esse mundo que é meu. Porquê, meu Deus? Que concussões terei de provocar? Ou será sofrer?
Deste-me a razão desmedida da análise. Deste-me a magia do raciocínio supra-emoções. Fizeste-me um ser humano, e esqueceste-te de me dar mais animalidade, de me ensinar a ter o que nunca tive - um irracional primitivismo!
Será, afinal, tudo isso que não sou, a verdade desta vida? A verdade de se ser um humano?

19/07/1986, (20h:15')

Wednesday, April 4, 2012

(Sem Título)

Apetecia-me escrever para tentar sair desta modorra de querer, não querer sair, sentir outro ar, sair de mim... e é sempre assim: sem dinheiro não sou capaz de sentir força anímica, "minha", preciso de um "émulo" qualquer - uma chamada, um desafio... e penso que em todas as circunstâncias idênticas sou um ser sem alma, amorfo, sem vontade suficiente para esquecer que tenho os bolsos vazios. Como eu detesto esta dependência, este não-ser-nada, se estou na "bancarrota"?! 
Não tenho saídas - sinto-me um ser desterrado, acéfalo, inconsistente...
Com dinheiro, tenho tudo, mesmo que nada faça.
Não seria capaz de imaginar-me alguma vez perdida no marasmo de canto qualquer, dependente de um qualquer ser, que me subsidiasse, me alimentasse, vestisse, calçasse, ou de quem dependesse a bica que tomo pela manhã - daria em louca!
Loucura é isto de ter as possibilidades todas, de ser perfeita e inteiramente capaz, de ter roupeiros cheios a precisarem de ser arejados e não ser capaz de fazer um simples gesto como pegar nas chaves do carro e ir por aí - notas são átomos de vida para mim; são a sensação plena de que posso, mesmo que não queira; que quero, mesmo que não deva; que devo, mesmo que a escolha seja outra - gastar, comprar e preencher vazios que se avolumam quando nada posso.
Devia, e tenho que ter dinheiro - não por amor e ganância, mas pelos prazeres e plenitude que me incute, pela grandeza, (e como é triste sabê-lo?!...), que ele me confere. Um "canudo" não é nada; dinheiro é tudo: beleza, bem-estar, leveza de espírito, segurança, certezas, transparência, fluidez, liberdade!
Que voltas mais dará a vida, que a tômbola da riqueza nunca aponta para mim?!...
Depender de alguém com "massa"? "Ná!"... Será sempre de alguém, não minha - não me serve a alternativa.
Que, ao menos, Deus me encaminhe à(s) porta(s) secreta(s), correcta(s) para ter a minha "árvore das patacas" - ainda tenho sonhos por realizar: preciso de "cheta"!!!


22/06/1999, (21h:20' - 21h:40')


- Folheando textos avulsos, encontrei um registo, que a meu ver, prenunciava todo o destempero que me assolou desde que vim para a Lourinhã;
- Hoje abri uma carta da AEDLV, em resposta a uma minha em que solicitava o pagamento de 4, (quatro), meses de 2011, que me foram surripiados - isso mesmo: surripiados! As alegações não têm qualquer razão de ser - estou de baixa por ruptura completa do meu sistema nervoso, estive a soro o ano passado por estar sub-alimentada, foi solicitado um período de carência - não posso recorrer mais - e estou em vias de perder a minha casa; a minha mãe não é, nem a AEDLV, nem a DREL, nem o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÂO, para arcar com as responsabilidades que tenho que suportar; para além do mais, há mais vidas para viver que aturar mentecaptos e ignaros.
- Já tentei de tudo, com o currículo que tenho, e com o que sou capaz de fazer; não me mete medo fazer seja o que fôr, desde que honesto. Só me resta ir pastar vacas, pelo que vejo?!...
                                                                                                             05/04/2012, (05h:20')