Thursday, January 28, 2016

"Bajirao Mastani"

Vida e sonho, nem sempre, (ou nunca), andam de mãos dadas.
Tenho adiado, que mais não seja, uma referência ao filme com o título em epígrafe. Preguiça? Desconcerto? Inapetência? Sei em que ponto se (des)encontra a minha auto-estima: a contínua antinomia de choque entre o que quero e faço por conseguir, sem prejuízo ou dolo no(s) outro(s), e o que o(s) outro(s) persiste(m) em destruir, idiotando que sou eterna, e, provavelmente, indestrutível e imune à dor, deixa-me sempre na absurdidade execrável de "permanecer" "à espera de Godot".
Há que fazer esforços terríveis para me movimentar, enfrentar o mundo e ser capaz de olhar, (vendo!), tudo quanto se move à minha volta, e/ou dignar-me a encarar o(s) outro(s). Lástima, somente.
Há anos atrás, alguém me dizia que eu era, "infelizmente, um cofre aberto". Não o entendi, muito bem, então. As paranormalidades foram sempre um campo reservado, que evitei aprofundar, como me escusei, na grande maioria dos casos, de me assumir como "bafejada" por uma "terceira visão". 
"Cofre aberto": funcionando, por antítese, com o mito da "Boceta de Pandora". Absorve-se tudo, limando arestas, limpando males, abrindo caminhos, mas, (muito) raramente em meu benefício - quem os aproveita são sempre os outros, que, egoisticamente, se empafiam de qualidades e atributos, que não possuem, mas têm a "esperteza" de se aprop(r)i(nqu)arem do que não devem, e efectuarem o que bem lhes passa pela cabeça, sopeando, denegrindo as bençãos que lhes são ofertadas. 
"Quem não vive para servir, não serve para viver". Qualquer garotinho aprende este lema, tão logo se disponha a ser escuteiro. Ensinou-mo meu pai. Entre muitos outros, que me norteiam, ainda, e apesar das vicissitudes.
Não é "choradinho", não é vitimização - são factos, fenómenos, (in)consequências: "a palavra e a pedra, depois de lançadas, não têm retorno". Depois, "quem não se sente, não é filho de boa gente"...
Reformulei, por observação "no terreno", vários ditados populares, por os considerar, ou pouco abrangentes, ou incorrectos.
Calar, nem sempre significa que se consente, ou anui - é, muitas vezes, preferível poupar saliva e Latim - nem todos possuem um Q.I. mínimo, que possa atingir os liminares pressupostos do que pretendemos dizer, quando emitimos qualquer juízo, de valor, ou não. Ser-se dotado, é muita outra coisa. Sub(-), ou sobre(-): andam próximos os "sintomas"; "minglam", (recorrendo a um neo-logismo, que me surgiu agora...) Saber "separar as águas", é a questão fundamental. 

Sou uma simplista. Uma surpresa agradável é um deslumbramento.
A possibilidade, que me foi concedida, de assistir a este filme, foi uma dessas ocorrências.
Tive, ainda, o privilégio de assistir à exibição de uma dançarina indiana. Um perfeito regozijo de plenitude, em que os sentidos, estimulados, me proporcionaram fruições inenarráveis.
Partindo de uma lenda indiana, a crença, o amor, (em diversas vertentes), as ligações humanas, (de poder, sempre presentes), prendem-nos até ao fim. O filme é longo. Uma tela viva, onde se movem realidades, fantasias, poesia - muita, em todos os parâmetros!
Sou siderada por realizações indianas. Acho que desde que tomei contacto com as coleguinhas dos meus primeiros tempos de escola. Seguiram-se os filmes: não perdia nenhum em Moçambique. 

Não sei se ainda estará em exibição.
A não perder! Decididamente.
A quantidade de fotógrafos e repórteres, que "giravam" entontecidos pela luz, beleza, esplendor, que inundaram a sala, não me deixam mentir, nem parecer "suspeita".
É glorioso. Avassalador. "Lindo de morrer", qualquer que seja o vector, por que abordemos a "fita".

   
Ramada, 29 de Janeiro de 2016, (05h:33')