Tuesday, September 25, 2012

Eu sou um barco

Eu sou um barco
Que voga para um destino certo
Na ânsia de encontrar o Norte
Que todos chamam de Visão
Eu sou o barco-mistério
Em que todos desejam embarcar
Em busca desse Norte
Eu sou o barco perdido
Na imensidade do Caos
Com medo de de lá sair
Eu sou o barco que partiu a amarra
Para fugir ao destino
Encontrando em cada Homem
Um porto de reabastecimento
Eu sou o barco que flutua
No mar das susceptibilidades
Onde toda a pureza se incendeia
E onde o Sol morre ao amanhecer
Das realidades obscuras

Lisboa, 29/05/1972, (19h:30') - pouco antes de partir de férias para Nampula, e ver a minha terra pela última vez.